iPoint
O que fazemos
O Intercultural Contact Point (iPoint) centra a sua atividade no acolhimento e integração dos estudantes internacionais, promovendo a integração de todos os estudantes num ambiente académico diversificado e saudável.
No iPoint entendemos que toda a identidade, tanto individual como coletiva, é múltipla, mutável, inacabada… e está em constante evolução.
Propomos, por isso, a criação de um espaço onde todos somos livres, diferentes e igualmente relevantes para o nosso desenvolvimento e para o crescimento da nossa Faculdade.
Quem Somos
Somos o mobilizador da integração holística dos estudantes da FEUP. Fomentamos os princípios de igualdade, direitos, valores e aptidões, promovendo ativamente a interação, colaboração e o intercâmbio intercultural.
Porque é difícil compreender os outros, sem antes nos conhecermos a nós, estarmos bem e sentirmo-nos bem com quem somos, pretendemos ser o promotor desse bem-estar individual, desse encontro interior para um convívio mais pacificador com o outro.
Uma vez chegado à FEUP, podes contar com o nosso apoio e empenho em acompanhar-te durante o teu percurso académico.
TESTEMUNHOS
Diversidade - Multiculturalidade - Interculturalidade
Diversidade
Entendendo que a heterogeneidade cultural não está só nos indicadores étnicos ou linguísticos, propomos olhar para a diversidade na FEUP através da multiplicidade em relação a subculturas de raiz étnica, de raiz religiosa, em relação ao género, entre outros fatores identitários.
Multiculturalidade
A multiculturalidade pressupõe a inclusão, a tolerância mútua e a interação cultural. Onde não se sobrepõem heterogeneidade e diversidade.
Para nós, a multiculturalidade no contexto universitário em que estamos inseridos implica compreender um sistema de crenças e comportamentos, reconhecer e respeitar a presença de diferentes grupos, reconhecer e valorizar as suas diferenças socioculturais e incentivar a sua contribuição contínua.
Nesse sentido, promovemos um contexto cultural inclusivo que capacite todas as pessoas envolvidas.
Interculturalidade
O prefixo inter pressupõe uma maior interação da culturalidade. Isto faz com que a interculturalidade possa nascer também de contactos à distância e nunca como hoje essa distância se impôs de forma tão intensa.
Para a valorização da diversidade cultural é, pois, necessário passar de coexistência a convivência, ou seja, passar da multiculturalidade à interculturalidade.
O Intercultural Contact Point, propõe-se, por isso, a ser o ponto de contacto, coexistência e convivência, assegurando uma visão dinâmica das culturas, valorizando a comunicação nas relações quotidianas e promovendo a construção de uma cidadania de igualdade.
Um pouco de história
Ter uma visão do futuro parte também pelo conhecimento do passado.
O termo interculturalidade é, em termos cronológicos, um termo relativamente recente. No entanto, embora a palavra seja recente, a sua prática não o é.
Através da arqueologia, da história e de outras ciências, sabemos que o contacto entre povos com culturas diferentes data de há muitos milénios. Talvez um dos exemplos mais ilustrativos seja o conjunto de percursos que ficaram conhecidos por "rota da seda”.
O papel que essa rota desempenhou foi além do âmbito comercial, através de viagens regulares que incluíam centenas de mercadores de origens variadas, com línguas diversas e diferentes credos. A estes juntavam-se diplomatas, embaixadores e exploradores, que procuravam segurança e proteção nas grandes caravanas. Através dos séculos, estes grupos de pessoas diferentes, que se uniam numa longa viagem comum, transformaram a rota da seda num verdadeiro percurso intercultural.
Ainda que a diversidade surgisse quando diversos grupos sociais entravam em contacto ou partilhavam o mesmo espaço, a realidade histórica mostra-nos que nem sempre o encontro entre povos diferentes levava a trocas culturais ou à convivência pacífica.
Guerras, conquistas e invasões, seguidas de situações de escravatura e de domínio, são variáveis que nas diferentes épocas têm influenciado e definido o espaço social e cultural que cada sociedade ocupa entre as restantes. O comércio de escravos realizado através dos navios negreiros, que sobretudo entre os séculos XVII a XIX, transportaram milhões de africanos para as plantações de cana-de-açúcar, tabaco ou cacau da américa do sul e Antilhas é um exemplo.
Verificamos então que, para se concretizar uma situação de interculturalidade, não basta que povos com culturas diferentes estabeleçam contacto ou partilhem o mesmo território. Essa troca cultural depende de múltiplos fatores históricos/culturais que influenciam a forma como cada sociedade interage com outras e vai definindo o seu lugar entre as restantes.
Por outro lado, os aspectos interculturais não são estáticos, vão sendo influenciados pelo contexto em que se inserem e pelas ideias preconizadas sobre o assunto nas diferentes épocas.
Tomemos como exemplo os portugueses que se fixaram nas antigas colónias portuguesas de África. Levaram consigo os hábitos e costumes portugueses (muitos dos quais impuseram aos locais), influenciando os povos africanos e alterando o seu modo de vida original. Essa alteração significou para os locais uma desapropriação de alguns dos seus costumes (a poligamia ou o canibalismo passaram a ser reprimidos e castigados), mas simultaneamente representou também uma sobreposição relativamente a outros aspetos, que foram adicionados à sua forma de viver (entre outras coisas, incluíram novos alimentos na sua dieta e tiveram acesso à escola).
Por outro lado, os portugueses também foram influenciados pelo estilo de vida dessas populações, e quando, após a descolonização, esses portugueses ou os seus descendentes retornaram a Portugal, a cultura que traziam já não era a mesma que tinham levado, mas também não era uma cultura africana. Era uma nova cultura influenciada por ambas.
Constatamos, assim, que a interculturalidade se vai construindo e desconstruindo no tempo através de uma dinâmica própria, sem nunca se repetir, porque não há circunstâncias nem culturas iguais, mesmo quando os aspetos em comum as aproximam. Ao contrário do que sucedia no passado, hoje as leis e os conceitos defendem a igualdade e a fraternidade entre todos os homens.
Esse aspecto, associado à atual facilidade de deslocação e comunicação, transformou as nossas cidades em locais cada vez mais multiculturais. Assim, hoje temos como missão encarar a diversidade existente no ambiente universitário como uma oportunidade para conhecer o outro e a sua cultura, e simbolizar o abrir de uma janela sobre o mundo desconhecido que ele representa. Pretendemos agir perante a deficiente integração social por parte de quem chega aliada à desconfiança e ao receio de quem vê chegar, conduzindo a fricções étnicas e a conflitos sociais.
Com a globalização e com as alterações decorrentes dos avanços científicos e tecnológico as instituições de Ensino Superior viram-se confrontadas com novas realidades, nomeadamente a diversificação dos seus públicos.
A coexistência de pessoas com diferentes culturas no Ensino Superior, que é um contexto pluricultural, e dada a importância da relação entre pares na adaptação e envolvimento dos estudantes, implica a necessidade da adoção de uma perspetiva intercultural.
A educação intercultural é pensada como a transmissão de um saber plural e crítico, resultante de interações, reciprocidades ou, mais globalmente intersubjetividades. Destina-se a todos os estudantes para além das suas diferenças. O pluralismo é promovido como valor e finalidade da educação, como pedra angular entre o universal humano e a singularidade expressa pelas diferenças.