O suicídio constitui uma “solução” permanente para um problema temporário. Existe ajuda e a dor pode diminuir!


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Em Portugal, os casos de suicídio acontecem mais recorrentemente nos homens mais velhos, a viver nas zonas da Grande Lisboa, Alentejo ou Algarve, sem atividade profissional, isolados socialmente e com uma combinação de múltiplos problemas psíquicos, físicos e/ou económicos.

Ainda assim, os estudos indicam que tanto os comportamentos autolesivos (qualquer lesão ou agressão em relação ao próprio, e.g. cortes autoinfligidos, queimaduras de cigarros, ingestão de substâncias psicoativas ou medicamentos em excesso) como a sintomatologia ansiosa e depressiva e a ideação suicida (pensamentos sobre cometer suicídio) têm aumentado significativamente nos últimos anos entre os jovens e estudantes universitários.

A grande maioria das pessoas que comete o suicídio experiencia dor psicológica intolerável, perda da autoestima e de capacidade para suportar dor psicológica, isolamento, desamparo, desesperança e uma tendência para encarar a fuga como a única solução para acabar com a dor.

Os casos de suicídio são, quase sempre, antecedidos de ideação suicida, tentativa de suicídio anterior e/ou avisos subtis ou explícitos sobre a intenção de cometer suicídio. Ou seja, na sua quase totalidade, as pessoas que cometem suicídio avisam sobre as suas intenções antes de o fazerem: o importante é estar atento.

Nos jovens, é mais frequente encontrar comportamentos autolesivos, que não trazem consigo necessariamente a intencionalidade de provocar a própria morte, mas que podem ser compreendidos como formas que o indivíduo encontra de: transformar a própria dor psicológica em dor física, para que se torne mais suportável; deixar pistas para que outros se possam aperceber do seu sofrimento; gritar por ajuda. Estes comportamentos enquadram-se no que se chama o Parassuicídio.

Já a Tentativa de suicídio é o ato que a pessoa leva a cabo com a intenção de pôr fim à sua vida, mas que por diversas razões não é conseguido. Por vezes, um comportamento parassuicida não socorrido a tempo pode resultar na morte do indivíduo, sem que essa fosse a sua intenção inicial. O que distingue os dois conceitos é a intencionalidade, que é intrinsecamente maior na tentativa de suicídio.

Fatores de Risco e Sinais de Alerta

A prevenção do suicídio passa por saber reconhecer os fatores de risco e estar atento/a aos sinais de alerta!

São consideradas vulneráveis ou em risco as pessoas com as seguintes características:

Pessoais: ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45; ser homem e de raça branca; ter sofrido a morte do/a parceiro/a ou de amigos íntimos; ter escolaridade elevada; ter doença terminal e/ou hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não; ter a família desagregada, por separação ou viuvez.

Psicológicos/Psicopatológicas: ausência de projetos de vida; desesperança contínua e acentuada; culpabilidade elevada por eventos anteriores; perdas precoces de figuras significativas; ausência de crenças religiosas; apresentar patologia depressiva, esquizofrenia, consumo abusivo de substâncias ou distúrbios de personalidade; ter histórico familiar de suicídio ou modelos próximos suicidários (amigos, pares, histórias de ficção ou notícias); comportamentos suicidários prévios, ameaça ou pensamentos sobre suicídio com plano elaborado.

Sociais: falta de apoio familiar e/ou social; desemprego; mudança de residência; emigração; habitar em meio urbano; estar reformado/a; acesso fácil a agentes letais (armas, pesticidas, etc); estar encarcerado.

Além dos fatores de risco que as pessoas possam apresentar, muitas vezes são dados Sinais de Alerta aos quais se deve estar especialmente atento/a:

  • Comentários sobre a morte, querer morrer, não ver sentido na vida, desesperança, acreditar que os outros ficariam bem se a pessoa morresse,…;
  • Impulsividade, sensações de ansiedade e/ou tristeza intensa, mudanças rápidas de humor, alterações dos níveis de energia (melhoria súbita ou piora de sintomas da depressão), autodepreciação, apatia;
  • Preparativos para a morte como a preparação de documentos oficiais, testamentos ou outros semelhantes, entregar objetos de grande valor sentimental, escrever cartas ou notas às pessoas próximas, deixar mensagens de despedida.

Como ajudar?

Prevenir

Falar sobre suicídio não aumenta as hipóteses de o mesmo vir a acontecer, nem semeia a ideia na mente de alguém. Pelo contrário, falar sobre suicídio e permitir que haja espaço para o outro expressar a sua dor e vê-la compreendida pode ser a melhor forma de evitar que algo pior aconteça.

Se estás preocupado/a com algum/a amigo/a ou conhecido/a, procura apresentar-te como uma possível fonte de ajuda e apoio e encaminha-o/a para ajuda profissional. Consulta aqui orientações sobre como conversar e ajudar um/a colega.

Agir

Ao reconhecer os sinais de alerta, é importante agir não abandonando a pessoa e procurando ajuda profissional imediatamente.

No limite, caso te encontres perante a eminência de um ato suicida, a Sociedade Portuguesa de Suicidologia aconselha a seguir as seguintes regras:

  • Levar a pessoa a sério
  • Manter-se calmo/a e escutar ativamente, sem desvalorizar o que é dito ou feito e mostrando interesse
  • Envolver outras pessoas
  • Chamar o 112
  • Contactar o médico da pessoa
  • Manter o contacto visual e, se apropriado, aproximar-se da pessoa oferecendo a mão, por exemplo
  • Fazer perguntas diretas
  • Tentar perceber se a pessoa tem um plano específico para suicidar-se e se dispõe dos meios para tal
  • Não prometer confidencialidade, pois poderá ser necessário falar com outras pessoas
  • Ser empático, reconhecer sentimentos e oferecer confiança
  • Realçar o facto de o suicídio constituir uma solução permanente para um problema temporário, lembrando a pessoa de que existe ajuda e que as coisas irão melhorar.

Fonte: https://www.spsuicidologia.com

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