teste

Legenda: Corpo docente do curso “Obras Marítimas e Offshore” [da esquerda para a direita: Tiago Ferradosa, Francisco Pinto, Luciana Neves e Paulo Santos, do Departamento de Engenharia Civil e Georecursos da FEUP].

Falar de mar, de recursos energéticos e estruturas offshore, é falar de conceitos que muitas vezes estão presentes no debate sobre a atualidade. Precisamente por isso, com o olhar voltado não só para o presente, mas essencialmente para o futuro, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) criou o curso “Obras Marítimas e Offshore”, que integra a vasta oferta formativa contemplada no FEUP L3, inaugurado em junho. Após quase 30 horas de lecionação, a primeira edição deste curso chegou ao fim, e aproveitámos o momento para saber como foi esta experiência.

O desenho de um novo curso

Resultado de uma união de esforços no Departamento de Engenharia Civil e Georecursos (DECG) da FEUP, o curso “Obras Marítimas e Offshore” foi desenhado por Francisco Taveira Pinto, docente e diretor do DECG e responsável por esta unidade de formação, em colaboração com os docentes Luciana Neves, Paulo Santos e Tiago Ferradosa, do mesmo departamento. “Quando surgiu a possibilidade de criarmos algo no âmbito do financiamento do PRR, como gostamos de ser uma parte ativa neste tipo de desafios, organizámos tudo e fizemos uma proposta”, introduz o docente-coordenador.

“Uma vez que o corpo docente pertencia à área da Hidráulica, em particular da Engenharia Costeira, pensámos que o tópico das obras marítimas e Offshore poderia ser uma boa aposta. A ideia surgiu de uma forma muito natural e o tema ajustou-se ao que se pretendia, principalmente por acharmos que estas áreas com potencial para o futuro são uma mais valia para o programa”, explica Francisco Taveira Pinto.

Legenda: Aula de dúvidas do curso “Obras marítimas e Offshore”, lecionada pelo docente Francisco Taveira Pinto, na FEUP.

E assim foi. Com a experiência da lecionação destes tópicos no segundo ano do Mestrado em Engenharia Civil (na especialização em Hidráulica), o corpo docente organizou os conteúdos de forma a poderem ajustar-se a um curso com as características do FEUP L3. Eis que nasce uma unidade de formação com 28 horas de contacto entre os formadores e os formandos, em regime B-learning e a valer 3 ECTS.

“O tempo de lecionação de que dispúnhamos neste curso era relativamente curto, o que nos levou ao desafio de conseguirmos ajustar a esse tempo tudo o que considerávamos essencial – desafio acrescido, porque estávamos cientes da importância de tudo o queríamos abordar. Claro que não demos todos os tópicos que ensinamos no mestrado, porque tivemos de selecionar alguns e enquadrá-los em 7 ou 8 aulas. Talvez tenhamos sido um pouco ambiciosos, mas acho que em geral correu bem”, comenta o diretor do DECG.

O programa contemplou tópicos como Hidráulica Marinha e costeira, riscos de inundação e erosão em zonas costeiras, obras portuárias, energias marinhas, entre outros.

 

Uma oportunidade para saber mais

E como um curso não se faz sem alunos, este não foi exceção. Vindos de diferentes partes do país – ou até mesmo fora dele -, esta formação abrangeu mais de uma dezena de formandos num conjunto de aulas que foram lecionadas maioritariamente em regime online. Filipe Costa é um dos casos que se destaca desse grupo. Engenheiro na Mota-Engil, uma empresa FEUP Prime, veio de Angola (África), onde trabalha, para Portugal, no período do Natal. E por cá ficou.

Uma vez que viu neste curso uma mais valia para aprofundar os seus conhecimentos, não hesitou em inscrever-se. “Estou aqui porque temos uma série de projetos de obras marítimas em Angola, portos e obras de proteção costeira. E como a minha área de formação não é esta, este curso foi um complemento importante para começar a perceber melhor algumas das coisas que nos estão a começar a aparecer”, partilha.

Legenda: Alguns formandos do curso “Obras marítimas e Offshore”, na FEUP.

Já para Pedro Sobral, os objetivos parecem cruzar-se, em certa medida, com os de Filipe. Somando mais de 20 anos de experiência como Engenheiro de Estruturas, nos últimos anos tem trabalhado na Future Proman, uma empresa que atua na área das obras marítimas e portuárias. “Domino muito pouco a parte da hidráulica marítima, muito devido ao facto de não ter tido nenhuma cadeira na faculdade em que abordássemos esse tópico. O que sei e utilizo no meu dia-a-dia resulta do que fui aprendendo em conjunto com os meus colegas”, aponta.

“Inscrevi-me neste curso para ter uma visão mais abrangente e trocar impressões com pessoas que lidam com problemas mais específicos e têm esses conhecimentos. Pude consolidar conceitos que já tinha ouvido falar e nunca tinha pensado de onde é que eles vinham, e aprendi formas diferentes de ver as coisas”, comenta Pedro.

Uma outra perspetiva é a de Pedro Machado, Engenheiro Civil também na Future Proman. “Descobri este curso juntamente com um grupo de colegas, e tendo em conta que a nossa empresa tem muito trabalho feito na área da obra marítima, seria uma mais valia para nós adquirir alguns conceitos. Houve coisas que nós aprendemos e a partir das quais vamos conseguir tirar ideias. Não sendo especialistas nestas matérias, e a partir do que aprendemos aqui, vamos poder aplicar os conhecimentos no nosso dia-a-dia – pelo menos, estamos mais preparados para o fazer”, reflete.

O presente e o futuro da nova aposta

Analisando a primeira edição do curso de “Obras Marítimas e Offshore”, segundo Francisco Taveira Pinto, o balanço é positivo. “Quando propusemos estes temas, estávamos a admitir que se tratava de algo apelativo – tanto é que muitas vezes aparecem nas notícias informações sobre estes temas. Ainda assim, apesar de a parte marítima ser uma área em que poucas pessoas trabalham, não tínhamos a noção de quão atrativo o curso seria e, por isso, não sabíamos se teríamos muita adesão. O certo é que tivemos um corpo docente constituído por especialistas nesta área – ainda que em diferentes matérias -, e tudo acabou por correr bem”.

“Se fizermos uma segunda edição, faremos, naturalmente, alguns ajustes em alguns módulos para não sermos tão ambiciosos e direcionarmos o foco da formação para alguns tópicos, reajustando os objetivos com base na experiência da primeira edição e no feedback dos formandos. Esta seria uma boa oportunidade para não deixarmos cair o que se construiu, desde que haja pessoas interessadas”, conclui o docente.

Partilhe esta notícias nas suas redes