Estivemos à conversa com o alumnus da FEUP para conhecer o trabalho que tem desenvolvido em parceria com a FS FEUP.

Legenda: António Guedes (à esquerda), líder de Engenharia Mecânica da Formula Student, e Diogo Pinheiro (à direita), alumnus da FEUP

 

Há laços que se estabelecem para a vida. Foi exatamente o que aconteceu entre Diogo Pinheiro, alumnus de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e a Formula Student FEUP (FS FEUP), equipa que integrou nos últimos anos de faculdade e com a qual continua a colaborar. Atualmente a trabalhar em Investigação e Desenvolvimento na Frezite High Performance, o antigo estudante “regressou a casa” para conversar connosco sobre a colaboração que tem estabelecido com o grupo de estudantes que conta com mais de 3 anos de história.

Na sala estamos nós, o alumnus e António Guedes, responsável pela Engenharia Mecânica do segundo protótipo da FS FEUP e estudante de mestrado nesta área. A acompanhar-nos, Miguel Damião, o atual team leader da equipa. Começámos por explorar as memórias de Diogo sobre os tempos em que circulava pelos auditórios e corredores da faculdade com mais frequência. Afinal, o que significa voltar a casa? “Regressar à FEUP é recordar a origem da FS, as noites de trabalho passadas na nossa sala, a tentar entregar documentos que nós nem sabíamos que existiam, momentos de uma alegria gigante, mas também de algum desespero por não haver dinheiro para ir a competições, alturas em que as coisas não corriam como estávamos à espera”, recorda.

“Assim que saí da FEUP, continuei a visitar esporadicamente a equipa e a tentar perceber como estavam a correr as coisas. Surgiam dúvidas por parte deles e surgiam dúvidas da minha parte, que esclarecíamos mutuamente. Nunca perdi a ligação. Isto aconteceu não só comigo, mas também com outros alumni, havendo, inclusive, momentos em que várias pessoas se reúnem para fazer eventos não só técnicos, mas também de convívio entre a equipa atual e a equipa anterior, partilhando alguns valores para os futuros membros”, conta.

Fim de uma etapa, início de uma colaboração

Um percurso não se faz de etapas isoladas, nem do cessar de ligações alguma vez criadas – como nos mostra perfeitamente este exemplo. Recorrendo a um lugar comum, que no caso se adequa perfeitamente: uma vez membro da FS FEUP, para sempre membro da FS FEUP. E terá sido desta dinâmica de comunicação e interação contínua que surgiu a possibilidade de uma nova parceria, desta vez, com a Frezite High Performance (FHP).

“Em qualquer um dos subsistemas da equipa, temos requisitos elevados no que respeita à qualidade técnica do produto final. Como tem sido prática, tentamos sempre chegar ao estado da arte de possíveis soluções, dentro do ambiente da nossa competição – como foi o caso do subsistema dos braços da suspensão. Durante a pesquisa que estávamos a fazer, identificamos a FHP como uma empresa de referência neste ramo e propusemos a parceria. Fomos muito bem recebidos e, atualmente, é a parceira da equipa que fornece os tubos de fibra de carbono para os braços da suspensão do protótipo. Temos tido todo o apoio técnico por parte deles e temos contribuído, por outro lado, com todo o nosso conhecimento, testagens e dados que conseguimos obter, devolvendo-os à empresa”, explica António.

Legenda: Diogo Pinheiro e António Guedes no laboratório onde têm sido montados os protótipos da Formula Student. Na mão do alumnus, uma das peças fabricadas pela FHP

 

Diogo Pinheiro não exita em complementar a partilha: “quando recebemos o convite da equipa, lembrei-me que, no fundo, fiz parte dos dois lados. Por um lado, enquanto membro da FS, comecei a abordagem a esta empresa, e agora, do lado da própria empresa, continuo a acompanhar a equipa. No fundo, é como se este processo tivesse acabado por acontecer sem a necessidade de um convite formal: tudo surgiu de um apoio contínuo, conjugando tanto o meu interesse, como o da equipa”.

Uma vez formalizada a parceria, dá-se o início de uma produtiva jornada. “Inicialmente, apresentamos à empresa os nossos requisitos e trabalhamos no melhor enquadramento possível para colaborarmos. Mostraram-nos em que projetos estão a envolvidos, em que consistem, e que propostas têm abertas para estudantes, como dissertações de mestrado – algo que a nossa equipa recentemente acolheu”, partilha António.

“Quanto ao Diogo, houve sempre um enorme acompanhamento: desde a verificação técnica, do desenvolvimento – quer na área de conhecimento em que está a trabalhar como em todas as outras que foi aprendendo e desenvolvendo ao longo do projeto. Transversal a tudo isto, mantivemos sempre os valores, a cultura e o rigor necessários – tanto no contexto da FS como empresarial -, de modo a levarmos a cabo os trabalhos com o maior sucesso possível”, completa.

Colaborações produtivas

Segundo Diogo Pinheiro, “a FS é um projeto que forma engenheiros e as empresas que os apoiam têm um contacto mais direto com este tipo de engenheiros, que penso que serão mais completos no fim dos seus ciclos de estudos, o que é uma grande vantagem. No caso da FHP, temos muito a ganhar com a colaboração com este tipo de núcleos de estudantes, tornando a FHP e a academia mais próxima”.

Uma colaboração com ganhos validados mutuamente. “Já recebemos mais do que uma vez o feedback de empresas de que, havendo estas propostas de produção de conjuntos mais pequenos de peças, em contraste com grandes pedidos que recebem, por vezes têm a oportunidade de experimentar novas abordagens – quer sejam operacionais, pequenos detalhes ou refinamentos que possam fazer na sua linha de produção, que permite que possam por vezes, como já foi o caso em alguns sócios parceiros, aumentar a produtividade dos processos de manufatura da empresa”, acrescenta o estudante da FEUP.

Legenda: Diogo Pinheiro, alumnus da FEUP, a analisar as peças fabricadas pela FHP

 

“Quando agora neste emprego preciso de cortar uma chapa, por exemplo, eu tenho a referência na minha cabeça de empresas às quais posso recorrer para fazer esse trabalho. Eu conheço bem as empresas com que colaboro atualmente, muito devido à Formula Student. Por isso, mais uma razão para achar que é uma mais valia para estas empresas estarem próximas destes futuros engenheiros”, complementa Diogo Pinheiro.

Formula Student FEUP: uma “marca que deixa marca”

Estamos no relvado central da FEUP, onde o sol incide com especial luminosidade. Olhando para trás, Diogo reflete sobre a sua passagem pela FS e interliga-a ao assunto que temos sobre a mesa. “Tecnicamente, acho que adquiri muitas das competências que eu tenho agora que utilizar como engenheiro. Comparado com colegas meus que estudaram engenharia mas não tiveram envolvidos neste tipo de projetos, eles próprios têm alguma dificuldade em tarefas como fazer o seu primeiro desenho, uma primeira simulação, entre outras – tudo coisas que a FS me deu, porque eram, no fundo, o meu dia-a-dia. Destaco ainda soft skills como o trabalho em equipa, que penso ter sido uma grande mais valia, a gestão de tempo, de pessoas, o acompanhamento de um projeto do início ao fim”.

O estudante de Engenharia Mecânica da FEUP aproveita a deixa e acrescenta: “sobre esta diferenciação que o Diogo diz sentir em relação a outros colegas, esta acaba por espelhar a vantagem de integrar um projeto como a FS, principalmente nesta interação com as empresas. Podemos realmente materializar todas as soluções do início ao fim para chegarmos ao nosso produto final, que é o protótipo, o que acaba por ser muito vantajoso, porque não há alternativa para o facto de terem de ser os estudantes-membros da equipa a compreenderem a fundo o que é necessário: desde começar a conceptualizar uma peça em específico, desenvolvê-la e garantir que ela está pronta para ser manufaturada ao nível exigido pela indústria”.

Legenda: Diogo Pinheiro e António Guedes no laboratório onde têm sido montados os protótipos da Formula Student

Diogo retoma a palavra: “a este propósito, gostava de salientar o papel de todos os alumni como sendo a forma principal de transferência de conhecimento entre gerações. Numa equipa que tem objetivos bem definidos a longo prazo, como a FS FEUP, é essencial garantir uma boa transferência de conhecimento entre fases, tanto a nível técnico como de valores e objetivos da equipa. As pessoas vão circular na equipa e ninguém vai ficar cá 10 anos para cumprir um objetivo bem definido. Neste sentido, é essencial ter pessoas a passar o conhecimento acumulado, porque por muito boa que a documentação seja, ler documentos de 300 páginas é sempre desafiante e nem sempre se revela muito eficiente”.

Ao nosso alumnus, lançámos um desafio final: uma última palavra para os futuros engenheiros e engenharias FS FEUP? “Eu tenho um grande carinho pela equipa e tenho uma vontade e interesse muito grande em continuar a colaborar. A equipa tem tido um progresso muito agradável de se ver e de acompanhar, e gostava de agradecer-lhes o facto de terem mantido e dado continuidade ao que foi criado durante os anos em que estive na equipa”. Estamos agora no laboratório onde têm sido construídos os protótipos, onde tudo teve início e onde finalizamos a nossa conversa.

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