IPD

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Revisão em 23h39min de 26 de setembro de 2012 por David Correia Ribeiro (discussão | contribs)
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O Integrated Project Delivery (IPD), ou no português Projeto Integrado, designa um novo tipo de metodologia de entrega de projetos. A sua principal marca de reconhecimento reside na sua grande interoperabilidade e colaboração entre os vários intervenientes, desde do início do projeto até à entrega do mesmo [1]. Esse conceito visa aproveitar a sabedoria e o conhecimento de todos os participantes, no intuito de otimizar e acrescentar valor ao projeto.

Visão da interoperabilidade [2].

Nota: os conteúdos aqui presentes fazem parte de relatórios e artigos desenvolvidos pela parte integrante da FEUP no projecto de investigação SIGABIM, devendo por isso, quando citados, incluir a devida referência [3].

Princípios

O projeto Integrado pode ser apresentado pelos seguintes conceitos:

  • Respeito mútuo, todos estão comprometidos a trabalhar como equipa no melhor interesse para o projeto;
  • Benefício comum, as compensações do projeto integrado são baseadas no valor e no risco tomados por cada interveniente;
  • Definição antecipada dos objetivos principais, os objetivos são definidos prematuramente pelos participantes;
  • Comunicação, as responsabilidades estão claramente definidas numa perspetiva de identificação e resolução de problemas e não na determinação do seu responsável;
  • Tecnologia apropriada, num projeto integrado o uso de tecnologias avançadas é muito aconselhado pelo bem da interoperabilidade global;
  • Liderança, a liderança deverá ser tomada pela pessoa mais capaz pelo trabalho existente;
  • Planeamento intensificado, o projeto integrado parte no pressuposto que um aumento de esforço no planeamento resulta num aumento de eficiência e redução de custos durante a construção;
  • Inovação colaborativa e tomadas de decisão, a inovação é estimulada quando as ideias são trocadas de forma livre entre todos os participantes.

O IPD combina uma elevada colaboração com o pensamento Lean, de modo a tentar resolver muitos dos problemas das construções contemporâneas, como a baixa produtividade, os desperdícios criados, os desvios dos prazos, os conflitos e as questões de qualidade.

Ferramentas

Os software de ajuda à construção civil estão a evoluir e já são capazes de gerir quantidades enormes de informação, nomeadamente as novas ferramentas BIM de Building Information Modeling, proporcionando capacidades significativas de gestão e análise. A metodologia IPD funciona sem a utilização das ferramentas BIM, porém são fortemente preconizadas de modo a obter uma utilização adequada do projeto integrado.

A característica introdução de informação e a aplicação de um modelo geral das ferramentas não é muito viável no meio fragmentado simbólico do processo tradicional construtivo, encontrando-se por outro lado perfeitamente enquadrado na interoperabilidade existente do projeto integrado. Por um lado BIM, como modelo digital, é a ferramenta mais eficaz no suporte ao projeto integrado. Por outro, o IPD produz o ambiente perfeito onde se pode aproveitar o máximo potencial das ferramentas BIM.

A utilização das ferramentas BIM no seio de um IPD também pode melhorar em muito o fluxo de informação durante o ciclo de vida da obra. Essa melhoria pode ser obtida principalmente por dois meios:

  • Os modelos BIM podem funcionar como único repositório para toda a informação;
  • O IPD pode assegurar que todos os intervenientes sejam continuamente em relacionamento para manter o fluxo de informação ininterrupto;

Implementação

Tipos de IPD

A implementação de uma metodologia IPD pode representar fortes melhorias no desempenho e na produtividade de uma obra. Contudo, pelos fluxos de trabalho muito divergentes daqueles existentes nas metodologias tradicionais, o projeto integrado requere grandes mudanças de mentalidades por parte dos intervenientes.

Uma metodologia de Projeto Integrado completo é representada pela soma de muitas características. Porém, de forma a uma passagem mais aprazível para uma utilização total da metodologia, existem níveis intermédios associados somente à aplicação de algumas das características do IPD.

Vantagens

As mudanças organizacionais na utilização de um IPD no processo construtivo apresentam potencialmente muitas vantagens relativas aos vários intervenientes, aos processos, à comunicações entre outros, enumeram-se as seguintes:

  1. Definição antecipada dos objetivos principais;
  2. Melhores escolhas devido a um processo de decisão claro;
  3. Rigor e cuidado na pormenorização;
  4. Maior eficiência;
  5. O conhecimento e a experiência individual são realçados para o bem coletivo;
  6. Maior entendimento entre os membros das equipas devido à maior integração;
  7. A gestão é previsível e controlada;
  8. A maior integração do cliente nos processos possibilita um maior conhecimento na base das suas opções;

Um aspeto importante reside na boa inserção do projeto integrado face ao tipo de tecido empresarial português, constituído maioritariamente por PME (Pequenas e Médias Empresas), devido às suas principais características, como a sua objetividade e criação de conhecimento.

Desafios

A metodologia convencional portuguesa existente, já apresenta muitos anos de funcionamento e não será fácil incitar as pessoas a mudar. A possível implementação de um projeto integrado requere mudanças drásticas em todo o processo construtivo de uma obra.

As relações obrigatórios entre os vários membros das equipas nem sempre são fáceis, cada interveniente procura aumentar a sua influência protegendo a sua atividade em detrimento dos seus parceiros. O processo requere algum tempo de adaptação e as reuniões periódicas são difíceis de organizar pelas agendas incompatíveis dos vários intervenientes.

As responsabilidades podem ser mais difíceis de avaliar devido ao número de participantes e as constantes trocas informacionais. A existência de novos protocolos para controlo de informação é assim necessária.

Enquadramento legislativo

Avaliação contratual da criação do IPD

A dificuldade de uma mudança para o projeto integrado reside na cultura de trabalho e a estrutura de contrato existentes, que não refletem a partilha dos riscos e dos benefícios.

No caso de obras privadas, como é óbvio, a escolha de qualquer tipo de metodologia é possível, por outro lado no caso de empreitadas de obras públicas existem dificuldades regulamentares existentes. Atualmente nas obras públicas, pelo Código dos Contratos Públicos, as fases de conceção e construção serão sempre separadas por duas fases de concurso mesmo tendo o empreiteiro a participar no projeto de execução.

Contudo, por critérios e exposição dos procedimentos pretendidos, uma metodologia semelhante ao IPD seria praticável. O governo também poderia, a título de investigação, realizar algumas obras para testar o projeto integrado, a partir do ajuste direto.

Comparação entre as fases do IPD e da metodologia tradicional portuguesa

Uma comparação entre as fases de um projeto integrado e as fases de uma metodologia tradicional portuguesa do tipo conceção-licitação-construção apresenta muitas diferenças. No IPD existe uma participação da maioria dos intervenientes, como os construtores, nos primórdios da conceção do projeto. Muitas tarefas são semelhantes nas duas metodologias porém a maioria das quais são aprimoradas e adiantadas no projeto integrado.

Esta ênfase na elaboração do projeto e passagem de muitas tarefas para fases anteriores traduzem-se no aperfeiçoamento da solução pretendida e numa potencial redução da fase de construção.

Ligações Internas

Ver também:

Referências Bibliográficas

  1. Architects, The American Insitute of - Integrated Project Delivery: A guide. 2007.
  2. Tardif, Dana K.Smith e Michael - Building Information Modeling. 2009.
  3. Projecto SIGABIM. Hipólito de Sousa, João Poças Martins, André Monteiro. Secção de Construções Civis, Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (2011).