É dia 6, o sol nasceu há poucas horas, mas mesmo assim sono não é coisa que se sinta por aqui.
O povo está em polvorosa, ninguém pára quieto, os últimos preparativos são feitos, chamadas a confirmar estadias, instrumentos e malas para dentro da camioneta. E fotos de despedida com o pessoal que fica.
É oficial, a Tuna de Engenharia está em digressão pela Europa.
Primeira paragem, Sion. O problema é que a Suíça ainda se encontra a mais de um dia de distância e não há nada como dormir muito para que o tempo passe mais rápido.
Em Sion tivemos o primeiro choque, o choque térmico. Que frio! A neve ainda reinava no topo das montanhas que rodeiam a cidade e, segundo os sionenses, estamos com sorte por não ter neve pelos joelhos.
A vista dos castelos sobre a cidade é linda, com todas as casinhas pequeninas distribuídas no vale sobre a neve dos cumes altos das montanhas circundantes.
O nosso 'patrocinador' na Suíça foi a casa do Benfica de Sion, que nos acolheu de portas abertas e nos foi extremamente afável.
Contudo a nossa digressão não e só a Suíça e temos que partir uma vez mais.
Chegamos a Bamberg, parece mentira, mas acabamos de fazer uma viagem de 10h e vamos já saltar quase directos para o palco. A Associação Portuguesa de Bamberg aguarda-nos ansiosamente.
Um publico aberto, receptivo e com imensa vontade de dançar foi o que nos viu, ouviu e acompanhou. Depois para acalmar e restabelecer os energias nada como um repasto a boa maneira portuguesa, rico em tudo o que e de bom.
Em todos os locais onde estivemos fomos bem recebidos, mas temos que realçar, sem margem para duvida, Nuremberga, onde ficamos hospedados na casa do Sr. Pe. Joaquim, que nos recebeu como seus filhos.
A estadia em Nuremberga das mais ricas em termos culturais, e foi ai que tivemos oportunidade de visitar um dos locais mais marcantes para nós, o campo de concentração de Dachau. Sentir de perto toda a história de um país, de um povo, de uma Europa.
Na quarta-feira, antes de sairmos de Nuremberga e da companhia inesquecível do Sr. Pe., tempo ainda para o momento mais emocionante da viagem, a missa celebrada para nós e por nós para que pudéssemos continuar a caminhada ainda com mais força.
Estamos quase a meio da nossa digressão e estacionamos em Amsterdão. Há quem diga que esta é a cidade da perdição, mas como toda a gente deverá saber a Tuna de Engenharia não vai em devaneios e portamo-nos como verdadeiros anjos no céu.
Fomos amavelmente recebidos pela Associação Portuguesa de Amsterdão, um centro importante e essencial na preservação da língua e cultura portuguesas naquele pais do norte da Europa. Aproveitámos os dias em que permanecemos em Amsterdão para conhecer a cidade e conviver com os seus habitantes.
Tempo agora para visitarmos aquele que será o mais pequeno país a receber a TEUP nesta digressão, o Luxemburgo.
Aqui pudemos dizer que estávamos em CASA, Centro de Apoio Social e Associativo do Luxemburgo, que pela pessoa do Sr. José Trindade nos recebeu de braços abertos.
Sem dúvida este foi o local que nos reservou mais surpresas, desde uma actuação para o Ex.mo Sr. Embaixador português no Luxemburgo, até a neve que começou a cair no último dia, que parecia mais esferovite do que outra coisa.
Tivemos actuações de rua para todos os gostos, fomos notícia no jornal da Comunidade portuguesa do Luxemburgo, "Contacto", e vimos paisagens naturais que não julgávamos poder existir no coração de uma cidade.
Agora só a cidade das luzes nos separa de casa, contudo as saudades são poucas, os telefonemas vão cobrindo e mascarando o pensamento para quem está longe. Por isso, se já passaram 13 dias, aguentam-se mais 4.
A Torre Eiffel domina o horizonte, mas hoje ela tem uma companhia única junto aos seus jardins, a Tuna de Engenharia toca algumas das suas mais emblemáticas músicas no sopé desta montanha de aço, ferro e rebites de dimensões imensas. Centro Georges Pompidou, Champs Élysées, Arc du Triomph, foram algumas das paragens da TEUP, para proporcionar aos transeuntes parisienses e turistas, alguns momentos de alegria e folia.
O último dia foi gasto para fazer o que nos desse na real-gana, houve quem visitasse museus, houve quem fosse às compras e houve quem passeasse apenas, como se não houvesse amanhã, nem a incontornável viagem de regresso ao aconchego do lar.
Sobre a viagem de regresso não há muito a contar. As reservas de energia estavam nas últimas, mas nem isso impediu alguns corajosos de se aventurarem numa estação de serviço em Espanha a sair e arremessar bolas de neve acabada de cair uns aos outros, como último souvennir de uma viagem memorável.
Um muito obrigado a todos os que tornaram tudo isto possível, especialmente ao nosso estimado amigo Vieira, companheiro de viagem e de aventuras. Aos que ficaram, e ficarão para sempre no nosso coração, um grande bem-haja.