Na data em que se assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Comissariado de Responsabilidade Social da Faculdade de Engenharia da U.Porto traz ao Auditório da FEUP, pelas 17h00, um momento de partilha e reflexão, com convidados que, através das suas histórias de vida e experiências, nos farão refletir sobre temas tão prementes como o ativismo, as missões humanitárias, a luta contra a pobreza, contra a fome, contra a violência doméstica, o voluntariado em vários contextos, a inclusão social, a solidariedade.

Daniel Catalão (RTP) irá moderar a sessão e através das suas questões ficaremos a perceber os grandes desafios diários, as lutas e a resiliência dos nossos convidados:

Gustavo Carona, médico Anestesista e Intensivista do Porto, dedicado a missões humanitárias desde 2009, já representou os Médicos Sem Fronteiras, o Comité Internacional da Cruz Vermelha e os Médicos do Mundo, em zonas de carência humanitária extrema: Moçambique, RDCongo, Paquistão, Afeganistão, Síria, Rep. Centro-Africana, Iraque, Burundi, Iémen, Gaza e Sudão do Sul.

Desde cedo tenta dar voz às vidas que lhe passaram pelas mãos, apelando à humanidade global pela sua escrita e pelas inúmeras intervenções pelo país fora e dando aos portugueses uma visão de um mundo que quase ninguém quer ver.

Padre Jardim Moreira é o Presidente da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza. A EAPN Portugal acredita que é hora de concretizar uma estratégia nacional que mude positiva e eficazmente o destino de quase dois milhões de pessoas em Portugal. A pobreza e a desigualdade no nosso país constituem problemas profundos e multidimensionais que requerem uma ação política para serem erradicados. O problema é complexo, de natureza multidisciplinar, sendo gerador de exclusão e de perda oportunidades e de capacidades. A pobreza é experienciada não apenas como falta de dinheiro mas como uma série de privações, como  experiências, oportunidades, serviços e ambientes que outras pessoas aceitam como normais.

Sérgio Guedes Silva é responsável pelo serviço de Supply Chain Planning do World Food Programme das Nações Unidas, a maior organização humanitária do mundo de luta contra a fome, que ganhou em 2020 o Prémio Nobel da Paz e em 2021 o Prémio Franz Edelman, o mais importante galardão do mundo na área de análise avançada, pesquisa e otimização de operações e ciências de gestão. Aos 19 anos, começou a participar em missões humanitárias, ainda enquanto estudante de Engenharia Mecânica da FEUP e membro fundador do G.A.S. Porto , a “escola” onde diz ter aprendido “a olhar para o mundo com mais amor”. Desde então, não mais parou.

Francisca de Magalhães Barros é pintora, mas nos últimos anos tem-se dedicado quase em exclusivo ao ativismo diário contra todos os tipos de violência, nomeadamente a violência doméstica contra mulheres, crianças e idosos. É cronista, primeiramente da Revista Sábado e agora do Jornal Nascer do Sol e, através dos seus artigos e publicações nas redes sociais, alerta para o flagelo desta realidade que todos os dias viola o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Foi a mentora e primeira subscritora da petição para a aprovação do Estatuto de Vítima para crianças inseridas em contexto de violência doméstica, que contou com o apoio de diversas personalidades das artes do nosso país, estatuto aprovado este ano. Criou também este ano a petição para a conversão do crime de violação em crime público, que apoiada e divulgada por inúmeras figuras públicas, já ultrapassou as 100.000 assinaturas. “É altura de acabar com a cultura do silêncio…”, defende Francisca.

Paulo Fontes, Diretor de Comunicações e Campanhas da Amnistia Internacional em Portugal, é doutorado em Média Digitais pela U.Porto, com especialização em estratégias de envolvimento público em comunicação de ciência e saúde pela FEUP. Trabalhou e fez investigação em vários contextos de marketing social, projetos de saúde comunitária e pública, trabalhando com organizações não governamentais, grupos de investigação, museus e centros de ciência. Paulo diz-nos que, apesar das muitas conquistas da Amnistia Internacional ao longo dos seus 60 anos de existência e da esperança que caracteriza esta instituição não governamental, são ainda muitos os desafios na proteção da “luz dos direitos humanos“.

Inês Valdrez começou em 2015 a fazer voluntariado e integrou o Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente na FEUP. O 1º ano foi acompanhado pela constatação de que, apesar do ensino ser gratuito, a construção de um percurso de vida positivo não está ao alcance de todos de igual forma. Em 2016, co-fundou a Associação “O Meu Lugar no Mundo” cujo objetivo máximo é quebrar ciclos de exclusão social. Passados 5 anos e atualmente a  frequentar o Programa Doutoral em Engenharia do Ambiente, acredita que é fundamental olear o elevador social em Portugal e que os estudantes universitários podem ter um papel muito significativo nesse trabalho e sobre as causas em que acreditam.

Maria Clara Martins, Licenciada em Psicologia Social e do Trabalho e desde 2007 que acompanha o voluntariado na Universidade do Porto, é atualmente coordenadora do Núcleo U.Porto Solidária. É objetivo deste núcleo dar a conhecer à comunidade U.Porto, particularmente aos estudantes, a importância das atividades de solidariedade social, promovendo uma formação estruturada, transversal e contínua, dirigida a quem desenvolva ou pretenda desenvolver atividades de voluntariado. Esta estrutura dá apoio a toda a intervenção voluntária, concertando os diversos intervenientes e áreas de intervenção, como o desenvolvimento social, o ambiente e ecologia, a cultura e património, o desporto, a educação e a saúde.

Haverá ainda lugar para a apresentação do projeto “Arte para Todos”, um projeto social de desenvolvimento de competências artísticas e talentos em torno das músicas populares e da arte urbana. É promovido pela Câmara do Porto no âmbito do AIIA Porto – Abordagem Integrada para a Inclusão Ativa (apoiado pelo Portugal 2020) e dinamizado pela DomusSocial,EM e define-se como um programa integrado de inovação e experimentação social e de animação territorial da cidade, destinado a promover a inclusão com uma mensagem de integração positiva e forte. Max Oliveira do MXM ArtCenter e Isaura de Melo da Domus Social vêm partilhar a sua experiência e o sucesso da iniciativa.