BIM: Dificuldades em satisfazer exigências de utilizadores
Texto adaptado a partir de [1].
Apesar do enorme potencial reconhecido nos BIM, observa-se que a sua adopção por parte da comunidade de potenciais utilizadores é muito diminuta. Estudos realizados em diferentes países revelam que apenas uma minoria dos técnicos do sector experimentaram já ferramentas BIM e que, entre estes, a larga maioria os utiliza apenas como ferramenta de desenho, tirando partido das suas funções de representação em 3 dimensões.
Assim, importa reflectir acerca da capacidade dos BIM para dar resposta aos problemas concretos da construção de hoje, isto é, com os regulamentos, as organizações e as práticas de trabalho actuais.
Na última década, uma parte significativa do esforço de investigação e desenvolvimento na área dos BIM tem incidido na produção de uma linguagem comum para a construção. Este tem sido um esforço que segue uma abordagem tipicamente top-down: uma parte da comunidade identifica ineficiências nas práticas de trabalho do seu sector de actividade e prescreve soluções, tecnicamente complexas, que o sector nunca exigiu.
Considera-se, pois, que a abordagem seguida actualmente deve ser complementada com um esforço bottom-up que, partindo das exigências da comunidade técnica actual, proponha soluções que resultem em vantagens de curto prazo, reconhecidas pelos intervenientes no processo construtivo.
Uma abordagem deste tipo permitirá, por um lado, alargar significativamente a base constituída pela comunidade de utilizadores dos BIM, ao tornar mais gradual a evolução dos métodos de trabalho. Por outro lado, permitirá identificar potenciais lacunas nos formatos de representação existentes, que os tornam menos aptos para representar algumas características relevantes dos produtos da construção.
Os BIM são uma tecnologia aplicável a todo o processo construtivo, mas o seu potencial só poderá ser plenamente aproveitado se forem adoptados desde as fases iniciais deste processo. Assim, e embora alguns estudos apontem a fase de utilização como aquela em que poderão ser recolhidos os maiores benefícios, a longo prazo, da adopção dos BIM, considera-se que as entidades que têm a capacidade de dinamizar todo o processo de mudança são os donos de obra e os projectistas. Admite-se que é a estes utilizadores que importa evidenciar as vantagens reais da aplicação das novas tecnologias.
Bibliografia
- ↑ POÇAS MARTINS, J. P. 2009. Modelação do Fluxo de Informação no Processo de Construção - Aplicação ao Licenciamento Automático de Projectos. PhD Thesis, Universidade do Porto.