Sistemas de Informação na Construção:Informação:Conceito

Da wiki WIQI GEQUALTEC
Revisão em 14h51min de 8 de abril de 2011 por JPPM (discussão | contribs) (Sabedoria)
Ir para: navegação, pesquisa

Informação: Conceito

Modelo DIKW

É importante procurar definir à partida o termo “informação”. Encontra-se na bibliografia um conjunto de definições, nem sempre coincidentes para esta expressão no âmbito das tecnologias de informação.

Uma forma corrente de ilustrar o significado da expressão “informação” é dada por um esquema do tipo “Dados – Informação – Conhecimento – Sabedoria” (DIKW – Data – Information – Knowledge – Wisdom na bibliografia de origem anglo-saxónica).

A distinção entre cada uma das expressões não é entendida de forma consensual. A informação, por exemplo, pode ser vista como um subconjunto de dados ou, de outra forma, como um conjunto de regras que relacionam dados. Um autor considera que, “numa organização, os dados passam a ser considerados informação quando, sendo um subconjunto dos dados, acrescentam valor nas tomadas de decisão da organização” (Pereira 2005). O mesmo autor classifica como dados, documentos como “projectos” ou “descrições de produto”.

Na verdade, a distinção entre os conceitos apresentados neste ponto continua a ser debatida desde meados da década de 70, continuando ainda a ser um tema relevante no campo da filosofia (Pulsifer 2008). O tema é igualmente interessante no campo das tecnologias da informação. Com efeito, esta disciplina interessa-se, não tanto pela produção de informação ou de conhecimento, mas antes pela sua gestão, em particular pela forma como estas são transmitidas e partilhadas no interior das organizações.

Dada a incoerência detectada nas definições encontradas, e de forma a abreviar uma discussão em larga medida semântica, optou-se por apresentar o significado dos termos “dados”, “informação”, “conhecimento” e “sabedoria” adoptados neste trabalho.

Dados

No presente trabalho, considera-se que os “dados” são os elementos de base da estrutura DIKW. Os dados são desprovidos de contexto, isto é, não estão relacionados com outros elementos da estrutura DIKW. Um conjunto de nomes ou de números de telefone são exemplos de dados. A utilidade dos dados é limitada até serem inseridos num contexto, formando “informação”.

Informação

Se, na sequência do exemplo apresentado no ponto anterior, os nomes forem associados aos números de telefone respectivos e relacionados com um qualquer projecto formando uma “lista de contactos” das pessoas envolvidas no projecto, os elementos disponíveis constituem informação com utilidade evidente. Serão classificados como “informação” a generalidade dos elementos elaborados e partilhados pelos intervenientes do processo construtivo, incluindo correspondência, actas de reuniões, documentos de projecto, registos de progresso, características de materiais e componentes, etc.

Remete-se uma análise mais profunda acerca da natureza da informação no sector da construção e da forma como esta é gerida para o artigo acerca da Gestão da informação na construção.

Conhecimento

A análise de informação recolhida em projectos anteriores pode resultar na identificação de padrões que permitam o estabelecimento de regras que poderão ser aplicadas em projectos similares no futuro. Ainda na sequência do exemplo usado nos pontos 2.1.2 e 2.1.3, uma lista dos elementos envolvidos em projectos anteriores associada a um conjunto de indicadores de desempenho medidos em cada um dos projectos podem permitir a avaliação das vantagens decorrentes da selecção de uma equipa de projecto com determinada composição. Os sistemas de suporte à decisão, por exemplo, fazem uso de métodos estatísticos para pesquisar a informação registada de forma a encontrar padrões que permitam estabelecer correlações entre variáveis de um problema. Nesta óptica, a gestão da informação e a gestão do conhecimento são conceitos afins.

Um conceito interessante, na óptica do presente trabalho, é a distinção entre conhecimento tácito e conhecimento explícito definidos por Polanyi (Polanyi 1962). Este filósofo classifica como tácito o conhecimento resultante do pensamento individual. Este tipo de conhecimento está directamente relacionado com a inteligência. O conhecimento explícito resulta do conhecimento tácito, embora nem todo o conhecimento tácito produzido por um indivíduo seja explicitado. O conhecimento explícito é escrito, falado, observado e formalizado de modo a poder ser consumido por outros.

Na indústria da construção, a componente tácita está presente nos actos criativos, na concepção de projectos, por exemplo, enquanto a componente explícita está presente na representação, isto é, na produção de peças de projecto (Pulsifer 2008). O conhecimento tácito é privado e pessoal. O conhecimento explícito é público e colectivo. Esta distinção entre processos criativos e processos de representação estará presente ao longo deste trabalho, permitindo identificar as áreas em que as tecnologias de informação podem ser mais úteis à gestão do conhecimento: a formalização do conhecimento tácito e a sua transmissão no interior das organizações.

Embora se estime que, no sector da construção, o conhecimento explícito seja responsável por mais de 80% do volume de negócios das empresas de projecto, as vantagens competitivas das empresas residem habitualmente no conhecimento tácito que produzem (Pulsifer 2008).

O conceito de conhecimento explícito proposto por Polanyi aproxima-se claramente da definição apresentada para informação neste trabalho. Assim, e salvo indicação em contrário, as referências a conhecimento apresentadas no presente documento correspondem ao conhecimento tácito de Polanyi.

Sabedoria

A sabedoria resulta da experiência acumulada em actividades anteriores, podendo surgir a partir da compreensão de princípios correspondentes a actividades distintas. Embora a descrição adoptada para sabedoria aponte para uma faculdade exclusivamente humana, encontra-se na bibliografia algumas referências ao conceito de “gestão da sabedoria” (Wisdom Management). Este conceito está longe de ser consensual entre autores, resultando frequentemente de uma definição de sabedoria distinta daquela que é a mais geralmente aceite. Considera-se, pois, que a “gestão da sabedoria” está claramente além das capacidades dos sistemas actualmente concebíveis e, por conseguinte, fora do âmbito do trabalho apresentado.

Síntese

A distinção entre os elementos da estrutura DIKW não é simplesmente uma questão de semântica. Com efeito, a definição de um modelo simplificado para esta estrutura permite concretizar o âmbito de um trabalho na área da gestão da informação.

JPPM DIKW.png

A figura acima representa o modelo DIKW segundo o ponto de vista do autor deste texto. Inclui não só a hierarquia entre elementos mas também as transições entre eles. Procura-se ainda fazer uma separação entre o domínio tangível – os documentos, a comunicação verbal, etc. – e o domínio intangível – o pensamento, a imaginação.

A generalidade dos componentes do diagrama representa um acréscimo de valor para os indivíduos e para as organizações. Os dados, a informação, o conhecimento e a sabedoria têm um valor intrínseco evidente. A transição entre estes estados (em qualquer sentido) representa um esforço que possui igualmente valor: o processo de aprendizagem de um indivíduo resulta num ganho de valor pessoal e para a organização onde se insere. Por outro lado, o volume de negócios das empresas resulta da aplicação do capital intelectual acumulado, isto é, na concretização daquilo que se sabe.

A única excepção à regra estabelecida de associar um valor positivo a cada uma das transições refere-se à transformação de informação em dados como resultado de uma perda de contexto. A desorganização produz este efeito ao permitir que esforços anteriores sejam desperdiçados. Esta transição pode resultar de desarrumação, de esquecimento ou de extravio, por exemplo. As organizações recaem frequentemente neste tipo de desperdício ao não documentarem devidamente as suas actividades.

As empresas ineficientes no domínio da gestão da informação são especialmente sensíveis à perda de capital humano, sejam elas temporárias – ausências de colaboradores por motivo de doença ou férias, por exemplo – sejam elas permanentes. É evidente que a ausência de colaboradores representa sempre uma perda para as empresas – os seus talentos fazem parte do capital humano das organizações. Um dos objectivos da disciplina da Gestão da Informação deve passar por evitar que as pessoas sejam os repositórios exclusivos de informação e de conhecimento das organizações.

O presente documento é um trabalho na área da gestão de informação no sector da construção. Assim, são abordados os temas relacionados com a organização de dados e com a criação de mecanismos que facilitem a transição entre os estados de informação e de conhecimento, separando as actividades criativas dos processos de representação.

Bibliografia