Diferenças entre edições de "Sistemas de Informação na Construção:Introdução"
(Há 9 edições intermédias do mesmo utilizador que não estão a ser apresentadas) | |||
Linha 10: | Linha 10: | ||
Na realidade, estudos recentes indicam que a indústria da construção é uma das menos eficientes na adopção das tecnologias da informação. Com efeito, as expressões “informatização” e “gestão da informação” não são sinónimas e é frequente encontrar-se empresas bem servidas em termos de hardware, com software actualizado e pessoal dedicado em exclusivo à manutenção do sistema informático mas que não realizam uma gestão eficaz da informação. | Na realidade, estudos recentes indicam que a indústria da construção é uma das menos eficientes na adopção das tecnologias da informação. Com efeito, as expressões “informatização” e “gestão da informação” não são sinónimas e é frequente encontrar-se empresas bem servidas em termos de hardware, com software actualizado e pessoal dedicado em exclusivo à manutenção do sistema informático mas que não realizam uma gestão eficaz da informação. | ||
− | Uma avaliação efectuada aos métodos de trabalho no sector da construção civil permite afirmar que esta revela ineficiências significativas relacionadas com a transição entre as sucessivas fases do processo construtivo. Os problemas de interoperabilidade entre sistemas de informação ao longo do processo construtivo espelham a sua estrutura fragmentada e acarretam custos elevados para todos os participantes. Estas ineficiências assumem várias formas, entre as quais o desperdício de tempo e a acumulação de erros devidos à introdução repetida de dados por processos manuais, a dificuldade em comunicar com outros intervenientes e a dificuldade em reutilizar a informação produzida em projectos anteriores. | + | Uma avaliação efectuada aos métodos de trabalho no sector da construção civil permite afirmar que esta revela ineficiências significativas relacionadas com a transição entre as sucessivas fases do processo construtivo. Os problemas de [[interoperabilidade]] entre sistemas de informação ao longo do processo construtivo espelham a sua estrutura fragmentada e acarretam custos elevados para todos os participantes. Estas ineficiências assumem várias formas, entre as quais o desperdício de tempo e a acumulação de erros devidos à introdução repetida de dados por processos manuais, a dificuldade em comunicar com outros intervenientes e a dificuldade em reutilizar a informação produzida em projectos anteriores. |
Estes aspectos tornam útil a comparação da indústria da construção com outras actividades com um desempenho mais favorável nas áreas indicadas. | Estes aspectos tornam útil a comparação da indústria da construção com outras actividades com um desempenho mais favorável nas áreas indicadas. | ||
Linha 21: | Linha 21: | ||
==Adopção e adaptação de tecnologias da informação== | ==Adopção e adaptação de tecnologias da informação== | ||
− | Muitas empresas industriais de áreas diversas, com alguma afinidade com o sector da construção adoptaram, há mais de duas décadas, sistemas fiáveis de gestão da informação do tipo ERP (''Enterprise Resource Planning''). Hoje em dia, as aplicações ERP estão implementadas, com sucesso, na generalidade das empresas de construção com alguma dimensão. | + | Muitas empresas industriais de áreas diversas, com alguma afinidade com o sector da construção adoptaram, há mais de duas décadas, sistemas fiáveis de gestão da informação do tipo [[ERP]] (''Enterprise Resource Planning''). Hoje em dia, as aplicações ERP estão implementadas, com sucesso, na generalidade das empresas de construção com alguma dimensão. |
− | Os BIM (''Building Information Model''), a aplicação da filosofia PLM ao sector da construção, começam a conhecer as suas primeiras aplicações práticas. | + | Os [[BIM]] (''Building Information Model''), a aplicação da filosofia PLM ao sector da construção, começam a conhecer as suas primeiras aplicações práticas. |
Ainda assim, os problemas referidos subsistem de tal forma que uma habitação custa hoje mais do que em 1964, a preços constantes. É certo que os produtos da construção são hoje mais sofisticados do que há 40 anos atrás mas, em muitos outros sectores, foi possível, através de um incremento significativo na produtividade, aumentar a qualidade dos produtos, diminuindo simultaneamente os seus preços. | Ainda assim, os problemas referidos subsistem de tal forma que uma habitação custa hoje mais do que em 1964, a preços constantes. É certo que os produtos da construção são hoje mais sofisticados do que há 40 anos atrás mas, em muitos outros sectores, foi possível, através de um incremento significativo na produtividade, aumentar a qualidade dos produtos, diminuindo simultaneamente os seus preços. | ||
Linha 29: | Linha 29: | ||
==BIM: um novo paradigma na construção== | ==BIM: um novo paradigma na construção== | ||
− | Na opinião de muitos autores, os BIM são uma tecnologia revolucionária, capaz de alterar radicalmente as práticas de trabalho actuais pelos seguintes motivos: | + | Na opinião de muitos autores, os [[BIM]] são uma tecnologia revolucionária, capaz de alterar radicalmente as práticas de trabalho actuais pelos seguintes motivos: |
# Constituem formatos padrão para a representação de informação; | # Constituem formatos padrão para a representação de informação; | ||
Linha 36: | Linha 36: | ||
# Favorecem a interoperabilidade entre sistemas de informação. | # Favorecem a interoperabilidade entre sistemas de informação. | ||
− | Tem-se observado uma forte actividade das empresas de software no sentido de produzir aplicações comerciais, total ou parcialmente, com os formatos padrão de representação. No caso dos produtos da construção, esse formato é o IFC (''Industry Foundation Classes'') ou alguma das suas variantes. | + | Tem-se observado uma forte actividade das empresas de software no sentido de produzir aplicações comerciais, total ou parcialmente, com os formatos padrão de representação. No caso dos produtos da construção, esse formato é o [[IFC]] (''Industry Foundation Classes'') ou alguma das suas variantes. |
− | Esta evolução é significativa e transcende largamente a simples criação de mais uma ferramenta informática para o sector: os BIM representam um novo paradigma na construção. | + | Esta evolução é significativa e transcende largamente a simples criação de mais uma ferramenta informática para o sector: os [[BIM]] representam um novo paradigma na construção. |
− | = | + | =Ver também= |
− | + | [[BIM: Dificuldades em satisfazer exigências de utilizadores]] | |
− | + | [[Licenciamento Automático de Projectos: Introdução]] | |
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
= Bibliografia = | = Bibliografia = | ||
<references/> | <references/> | ||
+ | |||
+ | [[Categoria:Gestão da Informação]] |
Edição atual desde as 23h48min de 3 de novembro de 2011
Adaptado a partir de[1].
Índice
Construção Civil: um sector ineficiente?
Durante séculos, a construção civil foi a actividade industrial com um maior consumo de recursos humanos e materiais. Para além de todo o peso que o sector ainda representa na economia, a construção civil desempenhou, até meados do século XIX, um papel no desenvolvimento tecnológico que desde então tem perdido para outras actividades industriais.
Estudos nacionais e internacionais revelam que a produtividade das empresas do sector da construção é consideravelmente mais baixa do que a do resto da economia. Uma análise da evolução ao longo das últimas quatro décadas revela mesmo que, apesar de todo o progresso tecnológico verificado, a produtividade na construção, medida da forma usual, tem sofrido um ligeiro decréscimo enquanto a produtividade do resto da economia mais do que duplicou.
As tecnologias de informação têm permitido o desenvolvimento de novos métodos de trabalho em todos os sectores da economia, incluindo a construção civil. Existe uma enorme variedade de aplicações específicas para o sector da construção, desenvolvidas praticamente desde que existem computadores com output gráfico. Algumas destas aplicações ter-se-ão tornado standard, podendo ser encontradas na maioria dos gabinetes de projecto ou escritórios de obra. Estas observações parecem indicar que o problema da gestão da informação na construção está já resolvido e que as manifestações evidentes de uma gestão da informação ineficaz se devem apenas a atrasos pontuais na disseminação da tecnologia de informação existente.
Na realidade, estudos recentes indicam que a indústria da construção é uma das menos eficientes na adopção das tecnologias da informação. Com efeito, as expressões “informatização” e “gestão da informação” não são sinónimas e é frequente encontrar-se empresas bem servidas em termos de hardware, com software actualizado e pessoal dedicado em exclusivo à manutenção do sistema informático mas que não realizam uma gestão eficaz da informação.
Uma avaliação efectuada aos métodos de trabalho no sector da construção civil permite afirmar que esta revela ineficiências significativas relacionadas com a transição entre as sucessivas fases do processo construtivo. Os problemas de interoperabilidade entre sistemas de informação ao longo do processo construtivo espelham a sua estrutura fragmentada e acarretam custos elevados para todos os participantes. Estas ineficiências assumem várias formas, entre as quais o desperdício de tempo e a acumulação de erros devidos à introdução repetida de dados por processos manuais, a dificuldade em comunicar com outros intervenientes e a dificuldade em reutilizar a informação produzida em projectos anteriores.
Estes aspectos tornam útil a comparação da indústria da construção com outras actividades com um desempenho mais favorável nas áreas indicadas.
A indústria automóvel, em particular, tem gerado soluções que têm vindo a ser avaliadas e implementadas noutros sectores da economia. Entre as mais recentes tendências de gestão nascidas no sector automóvel ou que foram adoptadas desde logo nesta indústria, estão a filosofia lean e o PLM (Product Lifecycle Management).
A especificidade da indústria da construção tem impossibilitado a importação directa de soluções e atrasado a adaptação de métodos bem aceites noutros sectores.
Tecnologias de informação na construção: Situação actual
Adopção e adaptação de tecnologias da informação
Muitas empresas industriais de áreas diversas, com alguma afinidade com o sector da construção adoptaram, há mais de duas décadas, sistemas fiáveis de gestão da informação do tipo ERP (Enterprise Resource Planning). Hoje em dia, as aplicações ERP estão implementadas, com sucesso, na generalidade das empresas de construção com alguma dimensão.
Os BIM (Building Information Model), a aplicação da filosofia PLM ao sector da construção, começam a conhecer as suas primeiras aplicações práticas.
Ainda assim, os problemas referidos subsistem de tal forma que uma habitação custa hoje mais do que em 1964, a preços constantes. É certo que os produtos da construção são hoje mais sofisticados do que há 40 anos atrás mas, em muitos outros sectores, foi possível, através de um incremento significativo na produtividade, aumentar a qualidade dos produtos, diminuindo simultaneamente os seus preços.
BIM: um novo paradigma na construção
Na opinião de muitos autores, os BIM são uma tecnologia revolucionária, capaz de alterar radicalmente as práticas de trabalho actuais pelos seguintes motivos:
- Constituem formatos padrão para a representação de informação;
- Permitem uma redução do esforço necessário para a representação de informação;
- Obrigam à antecipação das decisões de projecto;
- Favorecem a interoperabilidade entre sistemas de informação.
Tem-se observado uma forte actividade das empresas de software no sentido de produzir aplicações comerciais, total ou parcialmente, com os formatos padrão de representação. No caso dos produtos da construção, esse formato é o IFC (Industry Foundation Classes) ou alguma das suas variantes.
Esta evolução é significativa e transcende largamente a simples criação de mais uma ferramenta informática para o sector: os BIM representam um novo paradigma na construção.
Ver também
BIM: Dificuldades em satisfazer exigências de utilizadores
Licenciamento Automático de Projectos: Introdução
Bibliografia
- ↑ POÇAS MARTINS, J. P. 2009. Modelação do Fluxo de Informação no Processo de Construção - Aplicação ao Licenciamento Automático de Projectos. PhD Thesis, Universidade do Porto.