Sou Senior Product Manager numa start-up em Berlim que desenvolve uma app de Fitness e Nutrição. O meu trabalho diário prende-se com duas importantes fases de desenvolvimento de um produto: Discovery e Delivery. Discovery é a fase de descoberta, em que me dedico a olhar para apps concorrentes, feedback dos nossos utilizadores e penso em ideias para novas funcionalidades do produto. Delivery tem a ver com planear (em termos de timings), desenhar (criar designs e mockups) e descrever (definição de requisitos técnicos e de produto) essas funcionalidades com detalhe para serem implementadas pelas equipas de desenvolvimento. No final, tenho de assegurar que a ideia inicial está bem implementada e avaliar o sucesso da mesma junto dos utilizadores. Trata-se de um trabalho em que não há de todo dois dias iguais e onde aprendo qualquer coisa nova todos os dias :) Não me tornei Product Manager de um dia para o outro, como é evidente, e posso dizer que o “role” de PM não se aprende ainda em cursos da universidade, mas vem com experimentar diferentes papéis em diversas organizações. No meu caso, comecei a minha carreira profissional num estágio profissional em Vendas, depois passei pelo INESC Porto onde fiz o meu mestrado e trabalhei como Gestora de Projecto e Investigadora em diversos projectos do Instituto. Passei depois para uma empresa de software onde comecei como junior Product Owner (basicamente, a receber as necessidades do negócio e transformá-los em requisitos para os desenvolvedores) e fui crescendo nesta àrea de Produto em várias empresas e produtos diferentes (desde aplicações de jogos online, booking de viagens, plataformas empresariais internas, etc). Diria que o truque é procurar aquilo que se gosta, assimilar o máximo de aprendizagens com as pessoas com quem trabalhamos e nunca ficar parado!
É uma história curiosa a minha passagem pelo MCI. Quando me licenciei em Ciência da Informação não fazia ideia do que queria fazer profissionalmente. Sempre senti mais o “bichinho” pela área tecnológica, de levantamento de requisitos, planeamento de projetos, etc. No fundo sempre gostei de tentar transformar ideias complexas em algo estruturado e organizado, em transformar necessidades de utilizadores em requisitos palpáveis que possam ser facilmente compreendidos por pessoas ou sistemas e mais facilmente implementados. Ingressar no MCI permitiu-me reflectir mais sobre esta minha predileção e perceber que caminho profissional gostaria de seguir. A estrutura do mestrado, que tocava diversos temas relacionados com gestão, organização e planeamento da informação, forneceu-me uma perspectiva mais “big picture” e menos focada em tarefas demasiado especializadas, que se revelou super importante quando comecei o meu percurso profissional. Actualmente trabalho de perto com programadores e com senior management, e o facto de ter tido uma formação que tocou aspectos mais tecnológicos de como sistemas, bases de dados etc. funcionam, mas também como se definem requisitos, se gere um projecto e se comunica um projecto, forneceram-me as ferramentas para poder facilmente ser a “ponte” entre as equipas técnicas / programadores e Senior Management.
Dada a tua experiência, recomendarias o MCI para quem pretende pretende ser um profissional na área da Gestão da Informação? Porquê?
Penso que a àrea de Gestão de informação é atualmente difícil de compartimentar – tudo é informação, em qualquer organização é importante estruturá-la de uma forma que seja facilmente utilizada e transformada por pessoas e / ou sistemas de informação – seja numa biblioteca, centro de investigação, empresa de projectos ou numa start-up. O MCI fornece, a meu ver, uma perspectiva holística acerca desta área, que permite uma flexibilidade num mercado de trabalho que está em constante mutação. O MCI é uma importante rampa de lançamento, mas não deve ser de todo a última fase de aprendizagem – cabe-nos a nós permanecer curiosos acerca de novas temáticas, tecnologias, metodologias de investigação, e reinventarmo-nos a cada mudança profissional!