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Legenda: Ricardo Roca, team leader da Porto Space Team.

São mais de 60 estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e têm um ambicioso objetivo em mãos: serem a primeira equipa da península ibérica a construir um foguetão com um sistema propulsor híbrido para competir no European Rocketry Challenge (EuRoC). Com o nome Porto Space Team (PST), a associação de estudantes criada e sediada na FEUP, desenvolve projetos na área da Engenharia Aeroespacial e pretende aumentar a sua dimensão. Fomos saber como surgiu este grupo e quais os seus principais desafios.

O início de um novo projeto

Tudo começou em 2020, com o projeto TARVOS, iniciativa da Student Branch IEEE University of Porto. Com uma equipa de 12 estudantes da FEUP de áreas como Engenharia Mecânica, Informática e Eletrotécnica, o projeto consistia em desenvolver e lançar um foguetão que incluísse um mecanismo inovador de aterragem controlada, para competir no EuRoC – uma competição europeia que dedicada ao lançamento de rockets por parte de estudantes universitários. E assim foi. Uma vez desenvolvido o protótipo, em outubro de 2020, a FEUP marca presença pela primeira vez na competição, que decorreu em Ponte de Sor.

Mais tarde, este que seria um projeto embrionário ganhou outros contornos. “O Ricardo Fitas, criador do TARVOS, era estudante de Engenharia Mecânica da FEUP e queria aumentar a dimensão do projeto. Então, o que fizemos foi recrutar estudantes interessados em colaborar através dos grupos de Whatsapp dos nossos cursos”, partilha Ricardo Rocha, atual team leader da PST.

Legenda: Porto Space Team, o grupo de estudantes da FEUP que atua na área da Engenharia Aeroespacial.

A adesão à proposta de colaboração foi aumentando e a equipa rapidamente cresceu. Nasceu assim a Porto Space Team, em maio de 2022. “Havia mesmo uma necessidade e uma vontade, por parte dos estudantes, de ter este tipo de projetos na faculdade. Precisávamos de pôr as ‘mãos na massa’ e aprender”, afirma o estudante de Engenharia Mecânica da FEUP.

Uma vez formada a equipa, a dedicação recaiu no desenvolvimento do primeiro projeto. “Numa fase inicial, tratamos da recolha bibliográfica para nos inteirarmos da matéria de Aeroespacial, nomeadamente noções sobre propulsão, e preparar-nos para desenhar o nosso protótipo – o que aconteceu meio ano depois”, conta Ricardo. Nesta etapa, as parcerias revelaram-se essenciais. ”À medida que fomos finalizando o design, percebemos que não tínhamos patrocinadores suficientes para realizar o projeto. Desde o início deste ano, temos vindo a trabalhar nisso e atualmente reunimos cerca de 20 parceiros”, aponta.

Legenda: Porto Space Team como equipa visitante no EuRoC 2022, em Ponte de Sor.

E eis que deste esforço surge INVICTUS, um foguetão de 5 metros de altura que será lançado no EuRoC 2024. Com este protótipo, a PST pretende sagrar-se a primeira equipa da península ibérica a competir com um foguetão munido de um sistema propulsor híbrido. “Temos o objetivo de fazer um lançamento bem sucedido e depois, a partir daí, fazer algumas evoluções tecnológicas no nosso foguete. Queremos que este protótipo tenha um design seguro, que consigamos controlar, e cujos materiais nós conheçamos bem”, avança Ricardo Rocha. “Depois queremos ir mais além: utilizar materiais mais modernos, reduzir bastante o peso, o tamanho do foguete, e competir com algo mais evoluído do ponto de vista tecnológico no próximo ano”, acrescenta.

 

Fomentar o gosto pela Engenharia

O propósito de uma equipa mede-se também pelas suas ambições. Desde que foi criada, a Porto Space Team tem não só aumentado a sua dimensão, como também amplificado a sua margem de atuação. “O nosso objetivo sempre foi contribuir para a investigação em Engenharia Aeroespacial, envolvendo os estudantes da FEUP e criando contextos que lhes permitam o desenvolvimento de competências extra que muitas vezes não é possível desenvolver na faculdade”, aponta Ricardo. “Neste sentido, acredito que a PST esteja a ter neles – em nós – um impacto muito positivo, uma vez que está a permitir que desenvolvam ainda mais as suas competências”.

“Pessoalmente, cresci muito com a PST em termos pessoais e no que respeita aos conhecimentos em Engenharia. Sinto que tenho mais facilidade em comunicar, domino melhor assuntos que não dominava anteriormente, e tenho uma melhor capacidade crítica para abordar diferentes problemas. Acredito que seja isso, acima de tudo, o que pretendemos transmitir e agregar aos estudantes”, reflete o team leader da PST.

Mas este é um legado que não se limita à comunidade FEUP. Em novembro de 2023, pelas mãos da PST, surge o projeto PLUTUS, um “mini-foguetão” desenvolvido com alunos do ensino secundário do Colégio Luso-Francês (CLF), do Porto, que integra a rede CAMPUS FEUP – um programa de desenvolvimento de talento em colaboração com as escolas que mais impacto geram na faculdade. “Este projeto surgiu em parceria com a Unidade de Captação Académica da FEUP, que criou condições para dialogarmos com escolas secundárias de referência para a faculdade. A partir desse diálogo, tivemos a oportunidade de desenvolver um projeto com alunos do CLF”, avança o estudante de Engenharia Mecânica.

Ao longo deste ano letivo, a PST dinamizou sessões de trabalho semanais com os alunos do CLF, que permitiram o desenvolvimento das diferentes componentes do foguete. Os alunos tiveram a possibilidade de trabalhar nos laboratórios da FEUP e nas instalações do Colégio, com ações de formação sobre os tópicos científicos necessários para o desenvolvimento do projeto. “Esta experiência foi muito boa, permitiu-nos ganhar mais experiência na orientação de projetos e na gestão de equipas diversificadas”, aponta Ricardo.

Legenda: Sessões de trabalho do projeto PLUTUS nos laboratórios da FEUP (à esquerda) e no CLF (à direita).

“Este trabalho permitiu-nos perceber, a uma escala mais pequena, as dificuldades que poderão surgir no lançamento de um foguetão, associadas a algumas componentes, como a eletrónica”, partilha o team leader da PST. “Foi uma experiência muito boa e pretendemos fazê-la chegar a mais escolas e a mais alunos”, afirma.

Ao longo do presente ano letivo, o trabalho da PST com escolas secundárias incluiu ainda uma colaboração com o Clube de Robótica da Escola Secundária de Penafiel, que consistiu no auxílio do desenvolvimento do projeto através de ações de formação e de partilha de conhecimento científico, tecnológico e operacional nas áreas STEM; e o envolvimento de dois alunos da Escola Secundária Eça de Queirós, da Póvoa de Varzim, nas sessões de trabalho da PST relacionadas com o INVICTUS – mesmo ao jeito de “jovens membros da equipa”.

Um futuro com “Espaço”

Desde a criação da PST, em maio de 2022, que o que começou como um “desafio” se tornou num projeto consolidado e em expansão. “Atualmente, temos uma equipa de mais de 60 membros e todos empenhados em trabalhar para o desenvolvimento da PST”, sublinha Ricardo Rocha. Com a abertura da licenciatura em Engenharia Aeroespacial na FEUP, o futuro passará por captar novos talentos provenientes do novo curso. “Queremos ter esses novos estudantes na nossa equipa, para aproveitarmos todo o talento e crescermos juntos”, aponta.

O caminho passará ainda por levar o INVICTUS ao EuRoC 2024 e posicionar a PST para uma nova competição. “Estamos a trabalhar para abrir mais um projeto: a criação de um pequeno satélite para competir na mais recente competição da Agencia Espacial Portuguesa, chamada CubeSat Portugal”, avança o team leader.

“O nosso maior objetivo é crescer, chegar ao máximo de estudantes possível, com uma variedade de projetos tal que possa atender ao gosto de todos. Por isso, é esse o caminho que queremos seguir: sempre focados na investigação e na aprendizagem dos nossos membros”, conclui.

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A PST tem página oficial e está presente no Instagram e no Linkedin.