Gonçalo Semedo e a curiosidade que o trouxe à SPE

É apaixonado por “aprender coisas novas” e está certo de que o gosto pela Engenharia nasceu na garagem do seu avô. Chama-se Gonçalo Semedo, é aluno da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, e esteve presente em todos os dias da semana aberta da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a Semana Profissão:Engenharia (SPE). Com a curiosidade de saber o que o motivou a aderir a esta iniciativa e como tem sido o seu percurso, estivemos à conversa com o aluno.

Nascido em Viana do Castelo, a sua vida tem tido como pano de fundo Portugal, São Tomé e Príncipe (África) e República Dominicana. Foi precisamente nesta multiculturalidade que consolidou não só o seu percurso académico, como também o gosto pela Engenharia, motivado em grande parte pelo seu avô paterno – ou não fosse ele uma das suas grandes inspirações. “O meu avô tinha uma garagem cheia de ferramentas onde trabalhava nos seus projetos. Sempre que eu precisava de alguma ajuda num projeto meu, podia ir lá e ele arranjava sempre uma solução. Isso foi algo que me suscitou curiosidade e interesse, essencialmente por ser uma espécie de mundo à parte”, partilha.

Um caminho chamado “Engenharia”

Apesar da grande motivação para seguir Engenharia, Gonçalo sempre quis explorar melhor as potencialidades desta área. E eis que surge a oportunidade ideal: a semana aberta da FEUP. “Foi o meu professor de Física e Química, o professor Carlos Rodrigues, que partilhou a SPE com a minha turma. Fez esta sugestão principalmente aos alunos que gostariam de seguir Engenharia, porque achou que seria uma atividade que nos poderia dar uma visão mais abrangente do que seguir no futuro. E eu segui o conselho do professor: informei-me, gostei da ideia e inscrevi-me”, conta.

A primeira vez que Gonçalo veio à FEUP foi no dia 19 de março, o primeiro dia da SPE. A partir desse momento, seguiram-se 3 dias de atividades que lhe proporcionaram uma experiência imersiva no ambiente da faculdade.  “O que mais me surpreendeu foram as grandes máquinas que havia dentro do laboratório – porque no meu liceu não há nada parecido. Chegar ali e conseguir ver de forma concreta aquilo com que possivelmente virei a trabalhar foi muito motivador”, afirma.

Mas, afinal, o que ganha um aluno ao participar na Semana Profissão:Engenharia? Segundo o aluno da Póvoa de Varzim, “ganha muito, principalmente uma excelente experiência”. “Acho que não há nada melhor do que ir à procura daquilo que se quer e a SPE foi uma ótima oportunidade para ter uma ideia concreta sobre as Engenharias e uma visão mais objetiva das ideias que tinha anteriormente. Para além de deixar os alunos muito mais motivados”, argumenta.

 

Um percurso com “história”

É na cidade da Póvoa de Varzim que tudo começa a sério: o ensino primário, a base do percurso escolar, arrancou ali. Seguiu-se São Tomé e Príncipe, em África, devido a um desafio profissional que entretanto surgiu na vida da sua mãe. Foi aí que continuou os estudos, tendo regressado anos depois a Portugal, onde teve a oportunidade de fechar esta etapa da sua vida.

Depois, novamente devido a questões profissionais da parte da mãe, é a vez de rumar até à República Dominicana, onde fez quase todo o ensino básico. “Lembro-me que o tipo de avaliação que faziam era muito baseado em projetos, ao invés de serem só testes escritos. Isso marcou-me bastante. Essencialmente porque nos dava muito mais espaço para procurarmos e explorarmos tópicos do nosso interesse”, partilha.

“Um momento memorável na República Dominicana foi quando o meu professor de Ciências propôs à minha turma trabalharmos num projeto com os alunos do Secundário, em que tínhamos de desenhar e construir um avião que conseguisse voar de uma ponta à outra do jardim da nossa escola. Lembro-me de discutirmos que materiais é que íamos usar, as peças a usar nos motores, entre outras coisas. A reação do professor ao receber o projeto foi de bastante êxtase, porque não estava à espera que, com tão pouco conhecimento, conseguíssemos desenvolver um projeto assim”, recorda Gonçalo, de sorriso esboçado no rosto.

A par da escola, nos tempos livres, o aluno desenvolveu o gosto por desportos como ski náutico e windsurf, andar de bicicleta “para ajudar nos pensamentos” e ler sobre temáticas do seu interesse. No 9º ano, Gonçalo regressa novamente a Portugal e ingressa na Escola Secundária Eça de Queirós, onde conclui o ensino básico e inicia o Secundário.

O futuro em construção

Todas as experiências confluem na formação da pessoa e do aluno, tal como no caso de Gonçalo Semedo. Após a demonstração de um grande interesse pela área da Engenharia Mecânica e de ter participado assiduamente em todos os momentos da SPE, o aluno passou a integrar um grupo de estudantes da FEUP que está a desenvolver trabalho na área da Engenharia Aeroespacial: a Porto Space Team. Todas as semanas, Gonçalo participa nas suas sessões de trabalho para explorar os conteúdos do seu interesse. “Até agora tem sido uma experiência super positiva, porque não só nos têm integrado no processo de trabalho deles, como também nos têm dado material para irmos fazendo a nossa próxima pesquisa”, comenta.

“Tenho tido a oportunidade de estar envolvido em atividades mais práticas, onde posso perceber onde é que encaixam os conhecimentos. Depois, em casa, cabe-me a mim ir procurar os tópicos que se relacionam com as reuniões de trabalho. Além disso, tenho podido conhecer os laboratórios, equipamentos que usam, o material que têm e a forma como trabalham. Isso é muito motivador, conseguir ver tudo isso de uma forma concreta”, partilha.

Para além destas sessões de trabalho, Gonçalo tem integrado um conjunto de iniciativas dinamizadas na FEUP que vão ao encontro das suas áreas de interesse. Um desses casos foi a sua participação no ConnectinGears, o maior Congresso de Engenharia Mecânica desenvolvido por estudantes que existe em Portugal, organizado pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia Mecânica da FEUP.

Segundo o aluno da Escola Secundária Eça de Queirós, estas experiências têm também mudado a sua perceção relativamente ao universo universitário. “Inicialmente achava que o ambiente universitário era algo um bocadinho assustador, porque não sabia como era uma universidade, mas até agora tem sido bastante acolhedor. Aquilo que parecia um gigante assustador agora parece algo muito mais acessível e simples, não só por ter conhecido as pessoas mas também por ter experienciado tudo isto de perto”, conclui.