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Legenda: Frederico Tomé Ribeiro, alumni de Engenharia Mecânica da FEUP.

É um dos responsáveis pelo desenvolvimento do primeiro supercarro português e sócio-fundador da marca de automóveis portuguesa ADAMASTOR. Chama-se Frederico Tomé Ribeiro, é alumni de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e confessa-se apaixonado por desporto, corridas de automóveis e fascinado por “competição, chegar o mais longe possível”. Fomos conhecer a pessoa, o profissional e o seu percurso.

Mais do que uma vocação, seguir Engenharia foi um sonho nascido em tenra idade. “Desde que me lembro, sempre quis ser engenheiro e trabalhar com carros de corrida”, partilha. Esta certeza terá surgido muito por influência do seu pai, engenheiro de formação e alumni da FEUP. ”O meu pai nunca quis que nós ficássemos com o ‘bichinho’ dos carros e das corridas, mas aconteceu. Andar de karts em miúdo, assistir às corridas em que ele participava, e ao domingo ver as corridas de F1 em família, marcou-me muito e alimentou o desejo de ser engenheiro mecânico”.

Os primeiros passos

Frederico Tomé Ribeiro concluiu o ensino secundário no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, onde frequentou o 11º e o 12º anos. “Gostei muito do Colégio. Para além de formar excelentes alunos, ajuda a formar pessoas com bons valores. Tive muito bons professores, muito dedicados, e vivi experiências muito marcantes”, recorda. Uma delas terá sido uma viagem até Moçambique para fazer voluntariado. “Foi uma experiência muito forte, marcou-me muito. Marcou-me de tal forma que, quando voltei a Portugal, ajudei na criação de uma ONG no Porto, a ATACA [Associação de Tutores e Amigos da Criança Africana]”.

Mas voltemos o foco para a Engenharia. Além de ter a certeza de qual a área a seguir, a escolha da faculdade ter-se-á mostrado igualmente certa. “Eu sabia que engenharia mecânica era um curso forte aqui na faculdade, com um equilíbrio entre a componente teórica e a prática – preparava muito bem os alunos e tinha uma excelente saída”, conta. “Tudo isto somado ao facto de gostar muito do Porto, e de a FEUP ser uma das melhores faculdades de Engenharia do país, fez com que a minha escolha se tornasse evidente”, aponta Frederico.

Recordando os tempos de estudante na FEUP, a primeira impressão é clara: “Sempre gostei muito do ambiente da FEUP”. E muitas foram as recordações acumuladas desses tempos – principalmente as que se associaram ao universo que sempre admirou: o da competição automóvel. “Durante o curso, estive ligado a uns projetos do professor António Barbedo sobre carros, muito interessantes, multidisciplinares e com uma componente de engenharia mecânica forte”, recorda.

Também o desenvolvimento da dissertação de mestrado, orientada pelo professor José Ferreira Duarte, foi um marco importante no seu percurso académico. “O projeto focou-se no desenvolvimento da componente de powertrain de um carro que estávamos a construir. A ideia seria levar esse protótipo ao Desafio Único, , lembra. “Houve muitos alunos que passaram por essa competição e hoje estão em grandes empresas”, destaca.

A competição automóvel e o nascer de uma marca

Quase a concluir a concluir o curso, Frederico estava seguro de que queria o que sempre quis: “tentar enveredar pela competição automóvel”. E assim foi. “Quando saí da faculdade, já tinha um contrato de trabalho com uma equipa de competição em Portugal, a Veloso Motorsport, na Póvoa de Lanhoso – uma das poucas empresas com um engenheiro mecânico a trabalhar a tempo inteiro”, refere. “As tarefas inicialmente desenvolvidas foram a gestão do dia a dia da empresa, a preparação e a manutenção dos carros de corrida e, nos fins de semana de competição, o trabalho mais próximo com os pilotos”.

Permaneceu aí 3 épocas, entre 2012 e 2014. A meio dessa experiência, inicia o desenvolvimento de um novo projeto. “O Ricardo Quintas, um empresário do Porto, tinha a ideia de fazer um carro de corrida com alunos da faculdade, aproximando o mundo académico do empresarial. E iniciamos o contacto para dar andamento a esse projeto”, conta. “Inicialmente, em colaboração com um aluno da FEUP, desenvolvemos o desenho de um chassi e, em simultâneo, eu comecei  a desenhar a suspensão do carro. Esse aluno, quando acabou o curso, ficou sócio da empresa. E tudo começou por aí”.

O horário de Frederico dividia-se entre um dos projetos da Veloso Motorsport e o novo projeto que estava a nascer. Em 2014, com a conclusão do primeiro protótipo do novo carro, firmam-se os primeiros passos para a criação da empresa ADAMASTOR, inicialmente denominada DRACO. O objetivo estava bem definido: “ser uma marca de automóveis portuguesa”.

Legenda: P003RL, o primeiro modelo da marca portuguesa ADAMASTOR [Fonte: ADAMASTOR].

Em 2015, o alumni da FEUP começa a trabalhar a tempo inteiro no novo projeto. “Decidimos que este primeiro protótipo não iria a competição e focamo-nos apenas em perceber se o conceito funcionava – se o que nós idealizamos, na prática, correspondia ao real”.  Com a evolução do conceito e o posicionamento de marca em curso, os próximos passos estavam definidos. “Queríamos trabalhar na otimização do chassi do carro, na suspensão, e na sua carroçaria. Na altura pensamos em levar até ao fim a homologação do carro e depois torná-lo um projeto industrial”, afirma.

Decorrido algum tempo e acumulada uma vasta experiência, após o desafio da criação do primeiro protótipo, a ADAMASTOR iniciou o desenvolvimento de um novo carro. “De momento, estamos a poucos dias de lançar o nosso próximo modelo”, revela Frederico. “O primeiro foi muito experimental, para perceber o que seria necessário para criar um carro e uma marca. Desta vez, a aposta é diferente: mais robusta e ambiciosa”.

O lançamento vai acontecer na Alfândega do Porto, em data a anunciar. “Trata-se de um modelo todo desenvolvido em compósito, com motor de combustão interna, preparado para trabalhar a álcool ou a gasolina, e com uma aerodinâmica muito refinada”, descreve Frederico.

De olhos postos no futuro, Frederico partilha quais serão os próximos passos. “A nível profissional, como sócio-fundador da ADAMASTOR e um dos chefes de Engenharia, o objetivo será fazer desta uma marca de automóveis capaz de transformar a indústria automóvel nacional”, arrisca.

“Num futuro mais longínquo, ter uma equipa com um um carro nacional a correr nas provas mais emblemáticas no mundo de GTs e de hipercarros, e criar – que esse também sempre foi um grande foco do projeto – uma ligação entre a universidade e a indústria, desenvolvendo um local onde estudantes de ensino superior, de engenharia e de outras áreas, que queiram trabalhar em competição automóvel, com carros e com este tipo de tecnologia, possam ter um local onde o possam fazer, se quiserem ficar em Portugal”, conclui.